sexta-feira, 27 de novembro de 2009

problems

Somehow, Blogger went stupid and I can't paste things from Word. So, another several weeks before I found a way to post things........Bla...bad blogger.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Crónicas da Revelação - Capítulo VII

Gaizer continuava a orar todos os dias, pouco comendo ou descansando. Até que, um dia, ao anoitecer, estava ele a rezar com todas as forças que lhe restava, os galhos secos que ainda o protegiam de olhares hostis foram suavemente afastados por uma mão frágil e delicada. Gaizer abriu a boca para gritar, mas a única coisa que se ouviu foi um grito fraco e agudo.
- Não te assustes. – disse a mulher. – Não te vou fazer mal. Anda, vem comigo.
Já demasiado fraco para resistir, pegou na mão estendida e saiu dos arbustos.
Esperava ver um longo deserto estendendo-se para o infinito, mas, embora o solo fosse árido, pequenas plantas e arbustos verdes surgiam aqui e ali, e algumas árvores subiam em direcção ao céu azul. Mesmo assim, era ainda visível o fumo de tantas guerras que por ali passaram saíndo de destroços abandonados.
Um ou outro elfo, a maioria mulheres, caminhava por ali com um ar perdido ou procurando crianças deixadas para trás. A elfo que o encontrara caminhava agora para uma jovem e bela elfo, com aparência de 14 anos, de longos cabelos negros e uns olhos estranhos e penetrantes entre um verde-esmeralda e um azul-safira, e uma expressão simultaneamente nobre e preocupada.
- Pronto, agora está tudo bem. – disse a elfo que o fora buscar. – O meu nome é Diuhsa, e vou cuidar de vocês.
A outra elfo deu um passo em frente:
- Eu chamo-me Edmees. Prazer em conhecer-te, … como te chamas?
- E-eu sou G-Gaizer…- gaguejou o rapaz.
- Muito bem, agora já nos conhecemos melhor.
Os três caminharam até uma cabana com um tecto de palha. A casa não tinha mobília alguma. No chão havia apenas escassa mantas nas quais podiam enrolar-se para dormir. Comeram tumas taças de feijão em tigelas rachadas.
- A situação não é para brincadeiras. A vida está difícil. – Diuhsa desculpou-se pela pobreza da refeição.
- É muito melhor do que tenho passado nos últimos dias. - respondeu Gaizer com amabilidade.
Como estavam todos cansados deitaram-se no chão para descansar.
Horas mais tarde, Gaizer acordou, vendo que Edmees não estava, saiu para a procurar.
Edmees estava sentada, encostada à parede da frente da casa, de olhos fechados, como se estivesse a olhar para o céu, e a mexer a boca ligeiramente, parecendo que estava a dizer alguma coisa.
Gaizer aproximou-se dela e perguntou:
- Também não consegues dormir?
- Sim. – respondeu ela, simplesmente.
Ficaram os dois parados por um momento. Gaizer sentou-se ao pé dela devagarinho. Edmees abriu os olhos, fixando o céu estrelado, e começou a cantar alto, numa língua desconhecida. Ele olhou para os olhos dela: pareciam duas estrelas a brilhar intensamente no céu azul-escuro. A música começou a envolvê-lo, e as estrelas pareciam cada vez mais brilhantes, até que todo o céu era uma explosão de luz. Sem dar conta disso, Gaizer adormeceu.
Gaizer abriu os olhos, com uma sensação muito estranha. Levantou-se e reparou que estava todo ensopado. Olhou em volta: as paredes e o chão estavam todos molhados, e Diuhsa, juntamente com Edmees, tentava secar o que podia. Foi ter com elas.
- O que se passou?
- Houve uma tempestade durante a noite. – respondeu Diuhsa.
- Posso ajudar?
- Quanto mais, melhor.
Quando estava já tudo mais ou menos seco, saíram de casa. Como tinha parado de chover, fizeram uma fogueira para se secarem.
- Então, e o que querem comer? – perguntou Diuhsa, pouco tempo depois.
- Porque não vamos pescar no rio? – disse Edmees, sempre a sorrir.
- Óptima ideia!
Levantaram-se e foram para perto do rio. Gaizer olhou para a água e ficou surpreendido ao ver um enorme cardume de auna a passar muito rapidamente.
- Isto vai ser divertido… - murmurou.
De repente, ouviu um grande “splash” da direita, e ao virar-se viu Edmees muito divertida a segurar com as mãos um auna , que se debatia para se tentar libertar.
De seguida, ouviu-se outro “splash”: Diuhsa tinha ido buscar um balde e já apanhara mais um.
Gaizer suspirou e pensou: “Mas porque é que eu me estive a secar?” Debruçou-se no rio e imitou-as.
Apanhou um auna enorme, mas este logo lhe escorregou das mãos e caiu de chapa dentro de água, molhando completamente Gaizer. Edmees dava enormes gargalhadas por causa do sucedido. O elfo olhava estupefacto para a água, e de repente, ria-se juntamente com a amiga. Continuaram a pesca, entre sucessos e fracassos, e com um “mergulho” por parte de Edmees, que se debruçara demais sobre a margem e desequilibrou-se, caindo dentro do Zillian, ao voltar para terra, começou a rir tanto que ela e Gaizer deitaram-se na relva, sem conseguirem parar. Apenas Diuhsa se mantinha séria, embora por uma ou duas vezes um lampejo de sorriso passasse pelos lábios dela.
Em pouco tempo, já tinham o balde completamente cheio e alguns auna ainda se mexiam à volta. Gaizer, Diuhsa e Edmees atiraram-se para trás e suspiraram de alívio.
Depois, Edmees sentouse e disse:
- Tenho de começar a fazer isto mais vezes.
Os outros dois sentaram-se e olharam para ela.
- Fazer o quê? – perguntou Diuhsa.
Edmees apenas sorriu enigmaticamente.
Gaizer olhou para a amiga surpreendido, enquanto a sua nova mãe exclamou:
- Lá está ela novamente com os seus mistérios.
Edmees começou a cantar novamente uma música numa língua desconhecida. A sua voz era clara e cristalina, e, enquanto cantava, as águas do rio tornavam-se ainda mais límpidas e transparentes, e a corrente era cada vez mais rápida, como se quisesse também cantar com Edmees.

Passaram vários dias numa estranha calma, mas num mundo em guerra, mesmo a mais pequena felicidade durava pouco.
- O pôr do Sol está com uma cor estranha. – disse Gaizer.
Edmees e Diuhsa saíram da casa e olharam. O pôr do Sol era de um vermelho alaranjado, incrivelmente ofuscante que até parecia ferir os olhos.
- Amanhã irá chover. - disse Edmees calmamente.
Enquanto contemplavam o pôr do Sol, gritos chegaram aos ouvidos dos três. Apenas Edmees não virou a cabeça para ver o que se passava.
- Seria melhor se mudássemos de casa. – recomendou Diuhsa. – Não seria bom sermos envolvidos nas lutas, agora que conseguimos escapar.
- É verdade. – concordou Edmees.
Pegaram nas poucas coisas a que poderiam dar uso, seguiram à margem do rio até a luz do Sol desaparecer por completo. A noite estava fresca. Mesmo dormindo juntos, Gaizer acordou a tremer de frio. Levantou-se e tentou desesperadamente fazer uma fogueira raspando com os ramos um no outro. Os movimentos acordaram Edmees, que se apressou a impedi-lo de acender uma fogueira.
- Eles ainda devem estar perto. - sussurrou Edmees. – Não devíamos fazer nada que possa ser visto por eles, podemos envolvermo-nos nas lutas.
Entretanto, Diuhsa acordou também.
- Talvez seja melhor irmos para um lugar mais abrigado.
- Mas não se vê nada, nem estrelas há no céu. – suspirou Gaizer desalentado.
- Então vamos andando devagar, tacteando de vez em quando. – sugeriu Edmees. – Ao menos ficamos mais quentes do que se ficarmos parados.
Dito isto, levantou-se e liderou o grupo. Enquanto andava, ia murmurando coisas imperceptíveis. Parecia a Gaizer que Edmees dizia uma prece. Avançavam lentamente, mas o caminho por onde Edmees os conduzia pelas mãos, não tinha muitos sobressaltos. O caminho que percorreram ainda não era muito longo, quando as nuvens começaram a afastar-se deixando que a luz das estrelas chegassem até ele. Só então, Gaizer reparou que Edmees ainda não tinha parado de dizer a prece que acabou por descobrir não ser uma prece, pois Edmees cantava, como na noite anterior. Edmees pareceu reparar que Gaizer se tinha apercebido de que estava a cantar pois começara a cantar mais alto. Tal como na noite anterior, quanto mais alto Edmees cantava mais as estrelas brilhavam. Quando pararam, já conseguiam ver perfeitamente com a luz da lua e das estrelas.

sábado, 3 de outubro de 2009

Crónicas da Revelação - Capítulo VI

Passaram anos sem se avistar a paz. Em Aernet, a guerra continuava, e muitas, demasiadas almas tinham já voado para longe, deixando os corpos de deuses outrora pacíficos e gloriosos: a Deusa da Paz, o Deus do Fogo e a Deusa da Luz, bem como os descendentes do Rei, já tinham caído por terra, os corpos sem vida antes de sequer tocarem no chão.
Jennya tinha desaparecido sem deixar rasto, e muitos, incluindo a Deusa da Água, pensavam que ela tinha também perecido no campo de batalha.
Esta encontrava-se a falar com Liurath e a Deusa da Terra sobre as suas suspeitas.
- Se Jennya também morreu, então não há agora descendente algum para herdar o trono. – suspirou a Deusa da Terra.
- Esta guerra deixou de ter qualquer sentido. Apenas trouxe desgraça, não só a nós como aos elfos. Em vez de preocuparmo-nos com ninharias, devíamos era procurar uma solução para acabarmos com ambas as guerras! – revoltava-se a Deusa da Água.
- Tão nova, não merecia um destino tão cruel... – continuava a amiga. – E agora, quem sucederá a Lordgok? Quem governará Aernet?
Finalmente, Liurath falou:
- Acalma-te, Linen, sorri, Ehlea, e ouçam-me. Penso ter uma solução para ambos os problemas: eu tornar-me-ei o novo regente desta cidade, e assim a guerra acabará, pois não haverá qualquer razão para esta continuar...
- Então e os Elfos? Eles precisam da nossa ajuda agora, e depressa! – interrompeu a Deusa da Água.
- Como eu estava a dizer... – continua Liurath, lançando um olhar irritado a Linen. – A primeira medida que tomarei mal seja Rei será acabar com a maldade que assolou as terras élficas.
Desta vez, foi a Deusa da Terra que falou:
- Desde que tudo acabe em bem... Afinal de contas, a culpa de tudo isto é nossa e apenas nossa... se tivéssemos pensado antes de agir, nada disto teria acontecido.
- Apoiado! – exclamou a outra Deusa. – Atrevo-me a dizer que fomos egoístas, senão pior. Já que não nos esforçámos para resolver os nossos problemas, devemos compensar dando aos elfos a possibilidade de paz.
- E se acabássemos com isto? Há trabalho à espera! – disse Liurath, num tom de voz que mostrava a sua impaciência.
Sem mais delongas, saíram da Sala de Reuniões e foram avisar os outros.
Empenharam-se a sério nas suas obrigações, fazendo renascer a terra, acabando com a seca, dando uma nova esperança ao mundo fazendo-o viver novamente.
Em nada resultou. Os elfos continuaram a guerra, pouco ligando ao que acontecia à sua volta, excepto se vissem algo que lhes pudesse dar mais uma vantagem sobre o adversário.
Por esta altura, as técnicas utilizadas pelos elfos tinham já evoluído muito: construíram fortalezas e muralhas, e começaram a usar tácticas inovadoras, atraindo o inimigo para complexas armadilhas e matando sem mostrar compaixão. Cada vez que os elfos recebiam uma dádiva, a guerra entre eles aumentava. Milhões de cavalos e elfos caíam a cada instante, sem ninguém conseguir atingir os domínios adversários. Não havia confronto directo, mas mesmo assim a Morte alastrava-se pelos numerosos campos de batalha. Os soldados não conseguiam dormir, não havia comida nem água, e, quando não lutavam, era o silêncio que reinava.
Parecia que já não tinham sentimentos, já não tinham um destino. No lugar do coração, havia um buraco negro que sugava qualquer vestígio de felicidade ou amor. Eram instrumentos do Mal que faziam nada mais do que lutar. Já não conheciam compaixão ou mesmo dor, tinham esquecido a própria vida. As suas memórias estavam cobertos pelo véu do esquecimento, e já nada parecia ter um objectivo. Só sabiam lutar.
Ninguém escapava às garras do ódio: homens, mulheres e crianças eram contaminados pela raiva cega e pelo puro Mal. Já não sorriam, já não cantavam alegremente, mas também não choravam nem sofriam pela morte de todo o mundo élfico, outrora tão tranquilo e belo.
Todas as tentativas de paz pela parte dos Deuses falharam, e já não sabiam o que fazer mais para acabar com a sombra negra que se alastrava por todas as terras. Esperavam conseguir um milagre, mas começavam a acreditar que todos os seus esforços eram em vão. Davam-lhes tudo, mas tudo não era suficiente. As suspeitas transformavam-se em certezas, e contra a sua própria vontade, cada um começou a crer numa coisa apenas: era tarde demais, pois as trevas já tinham coberto todas as almas.
Pouco depois, tal pensamento já parecia uma realidade, e os Deuses, convictos dessa falsa verdade, simplesmente deixaram de se preocupar. Sentiam ainda a culpa e os remorsos, e continuavam a realizar as suas tarefas, mas já pouca esperança restava, as ideias e os planos começavam também a escassear, e o desinteresse por aquelas tentativas infrutíferas era notório.

sábado, 29 de agosto de 2009

Crónicas da Revelação- Capítulo V

Os Elfos sempre viveram uma vida pacata, feliz e serena. Pelo menos, até ao momento que encontraram a Fenda, pois, a partir desse momento, todos os que aventuravam a explorar esses territórios negros voltavam completamente alterados, ou não voltavam. O medo e a dor contaminavam todos os seres de Eldhruil, rivalidades apareciam entre povos outrora amigos, e os Elfos tentavam defender-se como podiam do Mal que assombrava as suas vidas: construíam fortificações à volta das aldeias, guerreavam com os outros povo em busca de melhores condições, …
Apenas o Povo Sagrado se mantinha em paz, pois não era afectado pelo Mal.
A pouco e pouco, o mundo élfico modificava-se, tornando-se cada vez mais hostil e inóspito. Mas esta situação apenas se tornou verdadeiramente grave quando a guerra dos Deuses começou.
A noite desapareceu, dando lugar a um Sol eterno. No céu, nem uma única nuvem se avistava, embora relâmpagos o rasgassem regularmente. Não havia chuva, mas um grande arco-íris fazia um arco que parecia abranger todo o mundo, céu, terra e mar.
A terra era árida, sem uma árvore, sem uma flor, sem um vislumbre de vida. Cadáveres espalhavam-se na terra arenosa, e abutres bicavam-nos ou sobrevoavam a área, procurando por carne fresca.
No entanto, o Povo Sagrado tinha descoberto um curso de água quase seco. Construiu uma barreira para conseguir água suficiente para a sua sobrevivência, armazenando-a num local onde esta não pudesse ser absorvida pela terra. Assim, embora vivessem pobremente, conseguiam ultrapassar a desolação e a miséria dos outros povos. Estes, ao reparar na vida que o Povo Sagrado tinha, começaram a conspirar contra eles e a reparar uma invasão ao seu território.
De dia, antigos mercadores entravam na cidade. Traziam mercadoria escassa, mas o Povo Sagrado, bondoso como sempre, aceitou negociar com os comerciantes. À noite, quando já todos dormiam sem ninguém saber, a porta da cidade foi aberta e muitos elfos entraram em silêncio. Dia após dia, elfos foram entrando sem o Povo Sagrado notar. Uma noite, estes já eram tantos que os mercadores que entravam já não conseguiam arranjar alimento. Alguns elfos organizaram-se e, em grupos, assaltaram casas do Povo Sagrado à procura de comida e de objectos úteis à sua sobrevivência. A cada noite que passava, mais eles roubavam. A certa altura, começaram a roubar de dia e até tiravam as coisas das mãos das pessoas.
Naturalmente, o Povo Sagrado começou a ficar irritado com tamanho descaramento da parte dos forasteiros, até que chegou uma altura em que os outros passaram dos limites.
O governante do Povo Sagrado reuniu o conselho para tomarem medidas quanto àquela situação. Finalmente, decidiram que, ao primeiro roubo que houvesse, eles atacariam os forasteiros com pedras, areia, e até com a mercadoria deles.
Ia uma criança a caminhar pelas ruas com um pote de água nas pequenas mãos, quando um elfo forasteiro repara nela. Sussurrando para si próprio “Água vai!”, aproximou-se rapidamente do rapazinho e tirou-lhe o pote bruscamente das mãos, sem sequer se preocupar em não entornar água, virou-lhe as costas e foi-se embora. O pequeno elfo gritou:
- O forasteiro!!!
Prontamente, vários elfos pegaram naquilo que tinham à mão e “bombardearam” os outros elfos. Estes, pegaram naquilo que tinham do Povo Sagrado e contra atacaram.
Os elfos começaram a destruir tudo o que viam, procurando algo que pudessem usar.
A areia cegava-os, os vidros enterravam-se na pele, as pedras causavam-lhes dores inimagináveis, elfos caíam mortos no chão a cada instante, crianças choravam, a cara reflectindo o choque que sentiam…
A cada dia que passava, a luta tornava-se maior e mais forte. Era urgente acabar com a guerra, pois esta ameaçava cada vez mais o futuro da raça élfica: era isto que Gaizer pedia aos deuses nas suas preces.
Gaizer, um pequeno rapaz do Povo Sagrado, estava escondido por pequenos ramos da vista de todos desde que a guerra começara. Sempre que alguém passava mais perto, rezava para que não o encontrassem. Sempre que estava sozinho, pedia aos deuses paz e a sua antiga vida, quando os solos eram férteis, a cidade era próspera e todos vivam felizes e em comunhão.
A guerra prolongava-se, e, dia após dia, Gaizer repetia as suas orações, pedindo desculpas por não ter nada para oferecer além das suas palavras, tornando-se um hábito, uma rotina. Já não tinha esperança de que pudesse voltar à antiga vida.

Crónicas da Revelação- Capítulo IV

Na sala de reuniões, os deuses discutiam o súbito exílio do Rei e as consequências da acção das fadas.
- Penso que… – começou Liurath. – Johrry não tenha poder, experiência, conhecimentos ou idade para governar. Talvez alguém mais, bem, mais culto seja melhor Rei, isto é acho melhor ser eu a governar Aernet.
De imediato, uma chuva de opiniões irrompeu a sala.
Muitas deusas defendiam que se devia seguir a tradição, mas outros discordavam completamente, apoiando Liurath.
- Liurath é muito mais experiente e sábio que…
- Ele não tem o direito de ser Rei, é contra a trad…
- Cala-te mas é! Não vês que…
- Eu vejo muito bem, obrigada, tu é que não percebes!
- Parem com isso! Concordo com a Deusa da Luz, o melhor é seguir a …
- Não, isso outra vez da tradição é que não! Vocês não sabem nada! A tradição não pode ser tudo!
Nisto, a Deusa da Guerra levantou-se num rompante:
- Já chega, estou farta! Isto não vai a lado nenhum! Se é guerra que querem, é guerra que terão.
- Acalma-te, pois a guerra seria desnecessária. – disse a Deusa da Paz. – Deve haver uma forma de resolver este dilema sem se ter de recorrer a um conflito armado.
- Humpf! Se for necessário, até Jennya pode governar. É a tradição que faz de um povo aquilo que ele é.
Bastaram estas palavras da Deusa da Luz para tornar os esforços da Deusa da Paz inúteis: ao ouvirem isto, todos recomeçaram a discussão.
- Basta! Isto já é demais! – exclamou, de repente, a Deusa da Paz. – Bem, já vi que vai ser impossível chegarmos a um acordo, portanto eis a minha proposta: reunir-nos-emos daqui a 2 dias para ver se chegamos, então, a um consenso. Entretanto, daremos a conhecer às fadas os nossos, bem, os nossos desacordos, pois a opinião delas também conta.
Sem outra opção senão continuarem a discutir, os deuses viram-se obrigados a aceitar a ideia da Deusa da Paz.

Dois dias depois, realizou-se então a nova reunião. Mas esta mostrou-se tão infrutífera como a anterior, e agora parecia impossível calar a raiva que parecia dominar os apoiantes de Liurath e que começava a contagiar todos os outros:
- Boa sugestão, sim senhora! É claro que as fadas iam estar do vosso lado, sempre a apoiar a Jennya e o resto da família real…isso foi desonesto, para não dizer pior! Elas apoiam os primeiro que lhes aparecer à frente, sem pensarem!
- Tu estás é contra tudo e todos! Mais valia pedir-lhes a opinião do que outra revolta…
- Revoltado estou eu contra todas essas tentativas de não ligar à razão!...
- Nós? Tu é que não queres abrir os olhos para a realidade…
- Vê lá o que é que dizes, sua…
- Já me estás a irritar! – explodiu a Deusa da Paz. – Se tens tanta razão porque gritas? Havemos de chegar lá, não achas? Ou talvez não tenhas assim tanta razão. Se não chegamos imediatamente a um acordo, então a nossa única solução é a guerra!
- Pois então… - desafiou o Deus do Fogo. - …que vença o melhor.
A estátua do cavaleiro negro armado ficou em cima da mesa como uma declaração de guerra e todos se afastaram para a preparar.
Durante as duas semanas seguintes, houve um período de paz, quase forçada. Aernet, sempre luminosa e brilhante, mostrava-se agora escura e sombria. A atmosfera que se vivia era pesada e silenciosa, pois nenhum dos deuses se dignava a falar com outro, tentando mostrar-se demasiado ocupado com os preparativos para a guerra.
Jennya, por seu lado, mostrava-se preocupada e apreensiva quanto ao ambiente que a rodeava: sabia que não havia uma guerra tão grande entre os deuses desde que existiam, o que a assustava muito, pois não sabia o que poderia acontecer.
Foi então que, na noite logo após as duas as semanas de paz, o Deus do Fogo decidiu que tinha chegado a altura de começar. Com o seu exército, varreram o terreno até chegarem às portas da Pousada da Deusa da Luz. Aí, esperaram.
Minutos depois, uma bola de fogo rompeu o céu negro e explodiu em milhares de chamas. Como resposta, viu-se logo de seguida uma jacto de luz a atravessar o ar e a subir como uma flecha em direcção ao nada, irrompendo em várias faíscas. A Deusa da Luz preparava-se para o ataque iminente. Conduzido o seu exército, posicionou-se para o campo de batalha onde as tropas do seu primeiro adversário aguardavam impacientemente.
O jacto de luz que atravessara a escuridão em resposta à bola de fogo significou a aceitação do desafio. Tinha começado a guerra.
Quando se encontravam a apenas 10 metros, o Deus do Fogo levantou o símbolo do seu poder (um cabo de cerca de 20 centímetros com uma estrela do tamanho da palma da sua mão, completamente vermelho) e gritou:
- À guerra!!
As fadas do fogo começaram logo a atacar, atirando pequenas bolas de fogo contra o exército inimigo. Este, por seu lado, contra-atacou vários jactos de luz.
Não tardou muito até todos os outros deuses se aperceberem do que se passava e acorrerem aos seus aliados. Com tudo isto, pouco tempo depois já havia uma confusão tão grande de poderes que era difícil de distinguir quem atacava e quem se defendia. Tufões, trombas de água, jactos de luz e bolas de fogo, tudo misturado numa grande nuvem de fumo em que nada se via.
Entretanto, o povo de Eldhruil começava a notar que algo de estranho se passava.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Crónicas da Revelação - Capítulo III

Aparentemente, toda Aernet estava calma, À espera da decisão de Liurath, mas as fadas., por dentro, ainda sentiam a chama da revolta contra o Rei. Sem ninguém notar, reuniam-se todos os dias, arquitectando a sua vingança.
Um dia, numa das suas reuniões, as fadas acharam o plano perfeito: roubar a fonte do grande poder do Rei – o ceptro, toda a sua fonte de poder. Agora, bastava saber como chegariam até ele.
***
As fadas esperavam impacientemente aos portões do Palácio pela decisão de Liurath. Todos os deuses estavam num dos lados dos portões, com Liurath no lado oposto.
- Está um lindo dia, não está? – disse Liurath, de repente. As fadas entreolharam-se. – Oh, bem, vamos directos ao assunto. A decisão está tomada: o Rei, embora continue a possuir o ceptro… – uma onda de fúria tomou as fadas: então ele ia continuar com o poder. - …abdicará do trono, sendo o novo governante o legítimo herdeiro, o príncipe Johrry, auxiliado pela Deusa da Esperança.
Os portões abriram-se, deixando passar o Rei e Johrry, um menino de 6 anos, com olhos verdes e cabelos castanhos tão escuros que pareciam pretos. Então, Lordgok disse:
- Eu concordo com a decisão tomada pelo meu irmão, e vim anunciar que abdicarei do trono agora, deixando-o ao cuidado do meu amado filho.
Dito isto, tirou a coroa e lançou-a para o chão. Então, duas fadas voaram por cima do Rei, gritando:
- Discurso! Discurso! Discurso!
Quando ele ia começar a falar, foi logo interrompido por uma terceira fada que começou a fazer uma série de perguntas. Quando esta começou a falar, uma outra fada, mascarada e completamente vestida de azul para ninguém reparar nela, dirigiu-se para o Rei tão rápido como um relâmpago, arrancou-lhe o ceptro da mão e fugiu para o Limite. Aí, atirou o ceptro para os domínios do Povo Sagrado dos elfos, pois sabia que este não usurparia do poder.
O Rei continuava parado aos portões do Palácio, com um ar completamente atónito, mas rapidamente recuperou, e admitiu:
- Eu mereço isto, pois o que fiz não tem perdão. Acho que o melhor que tenho a fazer é aceitar o meu exílio nas terras élficas, pois assim não poderei interferir nos assuntos de Aernet e não causarei mais nenhum dano a ninguém.
E, sem mais delongo, partiu.
Aparentemente, a partida do Rei poria fim à revolta, e questão estaria resolvida. Não era a primeira vez que o Rei era forçado a partir de Aernet devido à vontade de outros deuses. Mas desta vez, nenhuma previsão de nenhum deus conseguiu chegar nem perto da sequência de acontecimentos que se seguiriam ao exílio.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Crónicas da Revelação - Capítulo II

- Shhhh! Ainda o acordas!
- Mas se ele está desmaiado, não vai acordar assim tão depressa!
- Vá lá! Eu quero é saber o que aconteceu à Rainha Jewya!
- Estou tão impaciente!
- Vá, silêncio e nem uma palavra, senão…
Uma das fadas do Ar abriu a porta muito devagarinho e sem barulho. Estava consciente do motivo que a levara até ali: a Líder das Fadas do Ar, Lawrry, enviara-as para saberem o que se tinha passado com a Rainha para ela não ter regressado.
Cochichando, deram as mãos, fazendo um círculo as pés da cama, concentrando-se numa coisa só: as recordações do Rei.
Uniram as forças, tentando penetrar na mente de Lordgok, mas este era demasiado poderoso. Esforçando-se ao máximo, as pequenas fadas tentaram e tentaram, e finalmente, conseguiram algo: a visão mais recente do Rei.
As fadas perscrutaram-na esperando saber o que se passou, mas logo se arrependeram, pois o que viram escandalizou-as: a sua rainha, a mais querida e adorada, estava morta.
Horrorizadas e enfurecidas, as fadas interromperam a ligação, mais brancas que cal, e saíram do quarto de rompante, batendo a porta com um estrondo, acordando o Rei.

Alto, de olhos verdes e apaziguadores, Liurath caminhava lentamente pelo corredor, quando avistou as fadas a saírem repentinamente do quarto do irmão.
“Mas o que estão elas a fazer aqui?” pensou Liurath, com uma expressão estranha. Desconfiou que tinham vindo espiar.
Virou à esquerda e bateu à porta. Ninguém respondeu. Então, abriu-a e ficou espantado ao constatar que o rei estava acordado, sentado na cama, de olhos vazios. Sem mais nem menos, Liurath perguntou:
- O que aconteceu à Rainha?
Lordgok virou-se e disse, numa voz rouca:
- Olá.
Alguns instantes depois, respondeu:
- Não me lembro. Não me lembro de nada. Só de chegar lá, de uma névoa branca …humm… e de acordar com um estrondo.
“Estranho e interessante…” reflectiu Liurath, e disse:
- Mas não te lembras mesmo de nada? Não sabes o que se passou com Jewya? Vá lá, alguma coisa tens de saber, andam todos intrigados com o desaparecimento dela. Vá, faz um esforço!
De repente, o rosto do Rei contorceu-se de dor, os olhos ainda vazios e inexpressivos. Parecia que algo o assombrava, embora não estivesse ninguém no quarto excepto ele e o irmão.
- Lembro-me de estar num lugar… – afirmou com dificuldade, Lordgok. – Não! Não é possível! – Quando se apercebeu do que via, a sua cara contorceu-se de dor e choque, e nos seus olhos era possível ver-se vestígios de lágrimas. – Ela não pode… NÃO PODE!!! Como pode estar morta? Porquê? Eu não sei… – Aí, Lordgok levantou-se num repente e começou a gritar com Liurath. – Porque é que não me consigo lembrar? Porquê? Diz-me!
Liurath pôs ambas as mãos nos ombros do Rei e disse, numa voz calma e serena:
- Acalma-te, irmão. Decerto as poções da Fonte Eterna te poderão curar e ajudar-te-ão a lembrares-te de tudo. Embora eu desconfie de que as fadas já saibam que Jewya está… bem, morta.
Lordgok pareceu mais calmo, o que permitiu ao irmão informá-lo de que todos os deuses e fadas sentiam uma crescente ansiedade e curiosidade em saber o eu se passava com a Rainha e que era bem possível de que a notícia já se tivesse começado a espalhar por toda Aernet por meio das fadas.
***
O Sol raiava, espalhando luz por toda a cidade, mas o ambiente em que se vivia sugava a sua alegria, transformando-se em revolta.
Nos portões do Palácio, as fadas reuniam-se, protestando contra a atitude do Rei, chefiadas por Lawrry, a Líder das Fadas do Ar.
- E agora, todas comigo. Não queremos o Rei!
- Não queremos o Rei!
- Queremos segurança!
- Queremos segurança!
- Queremos alguém justo!
- Queremos alguém justo!
Nesse momento, os portões abriram-se e uma mulher de cabelos brilhantes como o Sol e de uma expressão serena saiu: a Deusa da Paz. Levantou os braços de forma apaziguadora e disse, dirigindo-se a Lawrry:
- Acalma-te, pois não há razão para tanta euforia. Tudo se resolverá a seu tempo. Se têm algo a dizer, sugiro que o digam a Liurath, é ele que está encarregue da gestão da Aernet.
Então, uma segunda figura, de andar altivo, saiu do Palácio e veio ao encontro das fadas. Liurath fez um gesto como que a tentar acalmar a onda de fúria que se sentia, e anunciou:
- A vossa opinião terá uma grande força na decisão do futuro de Aernet. E falo por todos quando digo, obrigado por manifestarem o vosso desejo. Tomaremos a decisão no dia 44 do Equinócio de Outono, pela madrugada. Mais uma vez, obrigado.
Não deu a hipótese das fadas falarem e voltou a entrar no Palácio.
As fadas perceberam que não adiantariam nada se continuassem a revolta, dispersaram-se e continuaram as suas tarefas. Por fim, tudo voltou à normalidade. Pelo menos, por enquanto.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Crónicas da Revelação- Capítulo I

Um fumo negro pairava no ar, brotando de uma fenda tão profunda que chegava ao centro do planeta. Daqui saíam todas as forças das Profundezas, espalhando a fome, a raiva e o ódio por todos os seres da terra de Eldhruil.
Não se avistava vivalma no espaço que rodeava este lugar de pura maldade: todos o evitavam, com medo do que lhes pudesse acontecer. Muitos dos que se aventuraram a entrar neste local tão inóspito nunca mais voltaram, e os poucos que sobreviveram voltavam irreconhecíveis, não só fisicamente, mas também nas suas atitudes, tornando-se bruscos, rudes, arrogantes e maldosos. Mas a esperança ainda residia no coração dos mais crentes, que esperavam uma resposta, um sinal dos seus deuses. E, finalmente, eles responderam.
***
Uma nuvem descia do céu, cada vez mais e mais baixa, aproximando-se da enorme fenda. Se alguém lá estivesse, poderia ter visto a figura imponente em cima da nuvem. Alto, de uma expressão tão suave como uma planta axiusa, Lordgok desceu de uma forma altiva e dirigiu-se à fenda, sem se deixar impressionar pelo ambiente de trevas à sua volta. O seu objectivo era claro e não iria desistir tão facilmente.
Quando chegou à beira da fenda, empunhou o seu majestoso ceptro bem alto e recitou um dos mais complicados feitiços ancestrais que se conhece.
Um grande feixe de luz irrompeu do ceptro, iluminando, por momentos, aquele lugar maldito, mas rapidamente Lordgok se apercebeu de que algo tinha corrido mal: Um monstro, cem vezes maior que o Rei, feito de várias placas de cobre, todas articuladas e vermelhas cor-do-sangue, surgiu ameaçadoramente do centro da fenda. Abriu a boca e expeliu um jacto de fogo muito vivo e outro de uma luz tão negra como a total escuridão, que atingiram Lordgok com toda a sua força. Durante um instante, nada parecia acontecer. E então, Lordgok começou a sentir-se revoltado com a sua família, os seus amigos, enfim, com tudo o que o rodeava.
Com uma invulgar rapidez, subiu para a nuvem, os olhos agora a flamejarem e o ceptro ainda completamente negro, encaminhou-se para o Limite. Mas, mal chegou à entrada da Cidade Aernet, a cidade dos deuses, começou a sentir-se muito tonto, cheio de dores de cabeça. Do ceptro irradiava uma luz tão negra como breu, obscurecendo tudo em volta. Do Rei, uma sombra negra saía, impelida pelas forças do Bem que dominavam a cidade. Por fim, Lordgok desmaiou.
***
Jennya, que na altura tinha apenas 4 anos, era a filha mais nova de Lordgok e Jewya. Altruísta e muito simpática e amistosa, era amada por todos. Naquele momento, encontrava-se no jardim do palácio, a desenhar um lindo pessegueiro em flor, quando ouviu o irmão a chamar a mãe:
- Mamã! É o pai, depressa!
“ Deve estar a passar mais um recado ou coisa assim.” pensou Jennya, mas logo se apercebeu de que se passava algo de errado. “ Johrry parecia-me demasiado preocupado… mas porquê? É melhor ir averiguar o que se passa.”
Enquanto corria, ia organizando as ideias: lembrava-se do pai a falar com a mãe enquanto saía para o jardim, mas não sabia sobre o que era; sabia também que algo preocupava o seu pai já há algum tempo, mas sempre que tocava no assunto ficava bastante atrapalhado, parecia querer esconder algo...seria essa coisa o motivo que gerou tudo o que estava a passar agora?
A saia de pregas e o cabelo negro baloiçavam, enquanto Jennya se apressava, avistando já uma grande multidão às portas da Cidade. Achou estranho estar tanta gente ali, amontoada à volta de alguma coisa, mas só soube exactamente o que se estava a passa quando se aproximou o suficiente para perceber o que diziam:
- Mas como é possível?
- O que aconteceu?
- Ele morreu?
- Não sejas tonta, vê-se logo que não!
- É melhor levarem-no para dentro…
- Mamã, eu quero ver!! Deixa ver, deixa ver, vá lá!
Jennya furou por entre aquele mar de gente até que conseguiu vislumbrar o motivo de tanto alarido: ali, estendido no chão, jazia o corpo inanimado do Rei. Jennya ficou paralisada com o choque, sem querer acreditar no que os seus olhos viam. Nem sequer reagiu quando levaram o seu pai para a Fonte Eterna; continuou ali, especada, sem emitir um som, sem esboçar um gesto.
- Jennya? – Landor tocou-lhe ao de leve para ver se ela reagia. – Jennya? Aernet chama Jennya! – E então, sem qualquer aviso prévio, Jennya desmaiou nos braços do seu primo.

- Mas então, almoçam aqui ou no salão?
Jennya não reagiu logo. Queria concentrar-se na calma em seu redor…
- Nós vamos andando, mas acho que o Landor queira ficar aqui para quando ela acordar…
Queria esquecer a mágoa…
- Será que a senhorita ainda chega a tempo de almoçar?
Finalmente, abriu os olhos e olhou em volta. Estava deitada numa cama de flores de pessegueiro, de laranjeira e de margaridas, com o seu melhor amigo sentado o pé dela. À sua volta, a Deusa da Paz e a Deusa da Água, Linen, suas grandes amigas, conversavam em voz baixa com a Deusa da Terra, Ehlea.
- Estás bem? Pregaste-nos cá um susto! – disse Landor, com ar preocupado.
- Estou óptima. E o papá? Já acordou?
- Sim, mas talvez fosse melhor descansares antes de o ir ver.
- Mas ele já está bom, não está? Quer dizer, já recuperou não é?
- Bem… – respondeu a Deusa da Terra – Sim e não. Recuperou, mas está estranho. Parece que o seu corpo já não é o mesmo.
Ao ver a expressão de Jennya, a Deusa da Paz exclamou, inesperadamente:
- Então, vamos comer?
***
O tempo passou a correr. Quando Jennya tinha já esquecido o incidente, já o seu pai tinha reunido as forças principais para preparar uma nova expedição à Fenda. Naquele momento, estavam todos na sala de reuniões dos Domínios Oficiais, discutindo a melhor forma de conseguirem vencer o inimigo. Por fim, decidiram que desta vez a Rainha iria com o Rei uma vez que eram os deuses mais fortes e que, se acontecesse algo de errado, estes tinham deixado descendentes.

Uma nuvem descia do céu, cada vez mais e mais baixa, aproximando-se da enorme fenda. Mas, desta vez, vinham nela não apenas Lordgok, mas também Jewya, a Rainha dos deuses, de porte gracioso mas robusto, quase tão alta como o rei e de uns olhos azuis tão profundos como o mar, contrastando com os olhos verde-escuros do marido. Quando a nuvem pousou, desceram, concentrados apenas na sua missão.
Mas, nesse preciso instante, uma alma negra, a mesma que tinha saído do corpo do Rei quando este chegou ao Limite, voltou a entrar, sem ninguém dar por nada. Novamente, os olhos de Lordgok ficaram tão vermelhos como fogo, e a sua expressão ficou séria e assustadora.
- Vamos? – perguntou a Rainha, antes de olhar para ele. – É melhor irmos e …Ordie, estás bem?
Lordgok não respondeu. Continuou a fazer uns movimentos esquisitos com o ceptro, sem qualquer nexo. De olhos fechados e uma expressão de completo sofrimento, parecia que tinha perdido completamente o juízo. Jewya, preocupada e apreensiva com esta atitude tão estranha, concentrou todo o seu poder nas mãos e, pensando apenas em controlar o Rei, deixou a magia fluir pelo corpo. Feixes de luz irromperam-lhe das palmas das mãos, tentando alcançar Lordgok e entrelaçá-lo no feitiço, mas sempre que um raio de luz lhe tocava no corpo, desaparecia no mesmo instante. A Rainha, sem saber o que fazer, fez um último esforço para a magia funcionar, mas continuou a não ter sucesso.
E então, sem mais nem menos, ele parou, levantou o ceptro bem alto e gritou:
- Kakirai!
Jewya reconheceu a palavra de imediato: a maldição da Destruição. Desesperada, invocou o feitiço Oducse, tentando proteger-se, mas o feitiço era demasiado fraco para impedir a maldição. Os olhos arregalaram-se de espanto quando o feitiço lhe acertou mesmo no meio do peito, e, com uma expressão assustada e os olhos ainda completamente abertos, Jewya caiu no chão, morta. Foi assim que morreu, injustamente, a rainha preferida das fadas.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Nyarnatt-Crónicas da Revelação

Prólogo

Se um de vocês passasse por lá agora, seria incapaz de imaginar o que se passou. Na verdade, quem quer que visse aquele lugar próspero, com campos verdejantes e um vulcão extinto coberto de pinheiros e carvalhos, nunca diria que aquela fila de musgos e fetos fora outrora uma fenda de onde provinham todas as forças do Mal. Mas na verdade, foi ali que se deu início a uma das maiores revoluções da terra de Eldhruil, e é essa a história que vos vamos contar. Tudo começou aqui, precisamente neste local…

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

a new beginning

So.....
this will officially be C.JS's story blog.
I'm sorry the first story that I hope to be posting soon will be written in Portuguese, but I'll make sure to make up with a equally good english one.
Therefore............

C.JS presents:
«Nyarnatt»